4.5.11

As minhas barreiras voltaram a formar-se. Sinto-as, pouco a pouco, a envolverem-me numa solidão imensa, como se os meus pensamentos estivessem trancados, dentro da minha própria cabeça.
Parece que a minha mente se cansou de me dizer o que fazer, de me ensinar os caminhos mais correctos.
Hoje, quando confrontada com um obstáculo, escolho não fazer nada não me permitindo, assim, qualquer tipo de emoção que possa sair da minha zona de conforto, que me seja desconhecida.
Sinto a minha aura, outrora colorida, das cores do arco-íris, a perder a sua luminosidade. Os tons variam, agora, entre branco, cinzento e negro. O negro mais profundo que alguma vez imaginei.
A minha auréola está a deixar de brilhar, ficando como que intermitente, e as minhas asas, outrora vistosas, leves, estão agora baixas, como as orelhas de um cachorro abandonado, e prontas a serem largadas.
Já não sei brilhar, já não sei voar. Os meus pés já não largam a terra que outrora teimavam em não querer tocar. Por isso, permaneço aqui, neste exacto sítio, com os pés enterrados no chão, os pensamentos enjaulados dentro da minha mente, a criar raízes.
Os meus olhos já não brilham. O meu coração já não salta, eufórico, dentro do meu peito. As minhas lágrimas, essas, teimam em ser caladas e repentinas. O meu sorriso passou a ser uma máscara. E eu passei a ser um poço sem fim; deixei de encontrar tudo o que ficava bem lá no fundo, nos confins do meu ser,
porque esse fundo desapareceu, dando lugar ao tal negro profundo e envolvente. E é só isso que eu vejo, é apenas isso que sinto.
Hoje, ao deitar-me, antes do segundo em que fecho os olhos na escuridão, vou tentar vislumbrar alguma réstia da minha aura colorida, vou tentar sentir as minhas asas.
Só assim poderei dormir em paz. Talvez seja hoje.

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