4.2.11
sad afternoon.
O desejo de bater com a porta está tão aceso. Tão aceso...
Os meus passos eram tão apressados, como se quisesse apanhar o vento frio que fustigava o meu rosto, o meu corpo. Não, não queria. Não queria porque nem sequer o sentia. Estava indiferente fosse ao que fosse: ao vento, aos carros que corriam ainda mais depressa do que aquele vento que me fustigava; às caras das pessoas que, sem nada notar, passavam por mim.
O desejo de bater com a porta acalmara (talvez devido ao vento frio) e a vontade de chorar ganhou forças. No entanto, prossegui o meu caminho, rezando para que as lágrimas não se libertassem e rolassem, sem parar, pelo meu rosto. O esforço foi tanto que senti um nó na garganta. E, ao levantar a cabeça, vi uma cara conhecida: "que faço? finjo que não o vi? falo-lhe?" - acabei por falar; sorri e disse um "olá". Obtive a mesma resposta da outra pessoa que, inocentemente, nada notou na minha falsa expressão. Bolas, serei assim tão boa a mentir? Ou serei mesmo falsa? Outra questão que me dá um nó na garganta.
E, a caminho de casa, só penso no porquê das tuas desculpas vazias, sem intenção, sem nexo, só para que tudo fique bem, e no quão mais lutador podias ser; podias deixar de querer que tudo passasse com o tempo, podias começar a dizer-me tudo o que pensas, e começar a tomar mais consciência da essência difícil que tenho. Porque, sinceramente, nestes momentos, acho mesmo que não tens a mínima noção disso. E isso magoa-me imenso. Mas não te posso incumbir nada, longe de mim fazê-lo.
Só quero que o dia acabe, que o telemóvel deixe de vibrar e que a televisão fique muda; as dores de cabeça voltaram e as lágrimas ainda não cessaram.
Quero dormir, para amanhã poder dizer que sobrevivi à tempestade que se abateu sobre a minha cabeça.
A outra.
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1 comentário:
nunca batas com a porta. só (L)
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