Sempre disse que nunca gostara de mudanças. E isso é verdade.
Sempre disse que as mudanças me causavam dor, frustração, medo. Não menti.
Até que tudo começou a desabar sobre a minha cabeça e eu soube o que tinha de fazer.
Após uma constante busca nos confins do meu ser, apercebi-me que essa era a mais correcta solução com que me depararia. E, embora eu rezasse, no fundo sabia que era também a única.
Mas que pode fazer um ser, a quem a alma foi roubada e o coração destruído, para seguir o seu caminho, sempre em frente? Mudar. Mudar, sim, mas como? Jamais me permitiria mudar a minha essência. Jamais me permitiria mudar a essência dos meus.
Mas o mal não estava em mim e, muito menos, nos outros, em concreto. Estava na minha maneira de ver as coisas; na minha maneira de me prender aos outros.
Isolei-me, chorei, fingi sorrisos, fingi Felicidade. E isso começou a preocupar-me ainda mais; deixei de viver para e por mim. Comecei a desejar que ninguém se preocupasse comigo e cheguei até ao fundo. E tudo isso pelo constante medo da mudança.
Mas é quando se chega ao fundo do poço, ao beco sem saída, que ficamos dispostos a tudo. E eu fiquei. Comecei a enfrentar os meus medos; sentia medo, pânico até, por vezes, mas obrigava-me a seguir em frente. E fi-lo inúmeras vezes, uma e outra vez. E foi aí que me senti livre para voltar a ser Eu. Não, não foi fácil nem sequer instantâneo. Foi preciso calma, persistência e força. Depois disso, deixei de chorar. Não sei se foi porque a dor me tornou mais forte ou se foi porque as minhas lágrimas secaram, do tanto que chorei. E, depois de me reencontrar e de reunir a força necessária, decidi que sim, que precisava mesmo de mais uma mudança. Chegava de me esconder atrás da música, dos livros, das telas, dos pincéis, das tintas, das canetas e das folhas de papel rabiscadas.
Fechei esse capítulo da minha vida chorando durante quase uma noite inteira. Já não chorava há imenso tempo, mas precisei de fazê-lo. E, no dia seguinte, cortei e pintei o cabelo. Quando me olhei ao espelho, foi como se tudo fizesse sentido: era Eu que ali estava, diferente, sim, mas era Eu; reconheci-me pelo brilho nos meus olhos. Comecei uma nova etapa da minha vida e, tal como esqueci o corte de cabelo anterior, esqueci também as tormentas do passado.
Agora só me preocupo comigo, com os meus e com as minhas metas.
Mas resto está, ainda, em construção. Ainda não está tudo feito; por vezes, ainda me sinto fria, vazia, sozinha. Mas sei que não estou e isso acalma-me.
A Felicidade, essa, vem com o tempo.
3 comentários:
o teu Eu apagou-se um pouco nesta fase da tua vida, é verdade. Mas eu sei que lá no fundo, na essência do teu ser, nunca deixaste de ser totalmente a mesma pessoa. Mudaste o teu dia-a-dia, sim, tornaste-te mais pessimista, acreditavas menos que as coisas boas ainda podiam acontecer na tua própria vida, mas nunca deixaste que este factor te afectasse nas coisas mais importantes. Sempre tiveste a tua força para lutar contra aquilo que passaste e isto, é seres TU PRÓPRIA, com todos os detalhes.
Este facto fez-me sentir orgulhosa de ti, porque acredita que se fosse eu, não teria metade da força que tiveste para abrir os olhos para o muno lá fora e para seguir em frente.
E sei que te custou bastante, mas também sei que foi o melhor que fizeste e que tiveste sempre o meu apoio, para qualquer eventualidade.
Hoje sei, orgulhosa de ti, que conseguiste fechar esse capítulo na tua vida, e ainda bem!
Estou cá para tudo, meu amor. Para te sentir como tu és: sorridente, corajosa, forte!
E espero que as próximas lágrimas que soltares, sejam de alegria :D
AMO-TE (L)
Ao ler o teu comentário, algumas lágrimas escaparam. E sim, como dizes, posso afirmar que foram de alegria!
Obrigada por tudo, é o pouco que posso dizer. Amo-te, tu sabes!
Ainda bem que cumpriste o que disse :p
Esse pouco vale de MUITO para mim; orgulha-te :')
também te amo, irmã!
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